27.3. pdb
— O Depurador do Python¶
Código Fonte: Lib/pdb.py
O módulo pdb
define um depurador de código-fonte interativo para programas Python. Ele possui suporte a definição de pontos de interrupção (condicionais) e passo único no nível da linha de origem, inspeção de quadros de pilha, listagem de código-fonte e avaliação de código Python arbitrário no contexto de qualquer quadro de pilha. Ele também tem suporte a depuração post-mortem e pode ser chamado sob controle do programa.
O depurador é extensível – na verdade, ele é definido como a classe Pdb
. Atualmente, isso não está documentado, mas é facilmente compreendido pela leitura do código-fonte. A interface de extensão usa os módulos bdb
e cmd
.
O prompt do depurador é (Pdb)
. O uso típico para executar um programa sob controle do depurador é:
>>> import pdb
>>> import mymodule
>>> pdb.run('mymodule.test()')
> <string>(0)?()
(Pdb) continue
> <string>(1)?()
(Pdb) continue
NameError: 'spam'
> <string>(1)?()
(Pdb)
Alterado na versão 3.3: O preenchimento por tabulação através do módulo readline
está disponível para comandos e argumentos de comando, por exemplo os nomes globais e locais atuais são oferecidos como argumentos do comando p
.
pdb.py
também pode ser chamado como um script para depurar outros scripts. Por exemplo:
python3 -m pdb myscript.py
Quando invocado como um script, o pdb entra automaticamente na depuração post-mortem se o programa que está sendo depurado for encerrado de forma anormal. Após a depuração post-mortem (ou após a saída normal do programa), o pdb reiniciará o programa. A reinicialização automática preserva o estado do pdb (p.ex., pontos de interrupção) e, na maioria dos casos, é mais útil do que encerrar o depurador na saída do programa.
Novo na versão 3.2: pdb.py
agora aceita uma opção -c
que executa comandos como se fossem dados em um arquivo .pdbrc
. Veja Comandos de depuração.
O uso típico para invadir o depurador a partir de um programa em execução é inserir
import pdb; pdb.set_trace()
no local em que você deseja interromper o depurador. Em seguida, você pode percorrer o código após esta instrução e continuar executando sem o depurador usando o comando continue
.
O uso típico para inspecionar um programa com falha é:
>>> import pdb
>>> import mymodule
>>> mymodule.test()
Traceback (most recent call last):
File "<stdin>", line 1, in <module>
File "./mymodule.py", line 4, in test
test2()
File "./mymodule.py", line 3, in test2
print(spam)
NameError: spam
>>> pdb.pm()
> ./mymodule.py(3)test2()
-> print(spam)
(Pdb)
O módulo define as seguintes funções; cada uma entra no depurador de uma maneira ligeiramente diferente:
-
pdb.
run
(statement, globals=None, locals=None)¶ Executa a instrução statement (fornecida como uma string ou um objeto código) sob controle do depurador. O prompt do depurador aparece antes de qualquer código ser executado; você pode definir pontos de interrupção e digitar
continue
ou pode percorrer a instrução usandostep
ounext
(todos esses comandos são explicados abaixo). Os argumentos opcionais globals e locals especificam o ambiente em que o código é executado; por padrão, o dicionário do módulo__main__
é usado. (Veja a explicação das funções embutidasexec()
oueval()
.)
-
pdb.
runeval
(expression, globals=None, locals=None)¶ Avalia a expressão expression (fornecida como uma string ou um objeto código) sob controle do depurador. Quando
runeval()
retorna, ele retorna o valor da expressão. Caso contrário, esta função é semelhante arun()
.
-
pdb.
runcall
(function, *args, **kwds)¶ Chama a função function (um objeto função ou método, não uma string) com os argumentos fornecidos. Quando
runcall()
retorna, ele retorna qualquer que seja a chamada de função retornada. O prompt do depurador aparece assim que a função é inserida.
-
pdb.
set_trace
()¶ Enter the debugger at the calling stack frame. This is useful to hard-code a breakpoint at a given point in a program, even if the code is not otherwise being debugged (e.g. when an assertion fails).
-
pdb.
post_mortem
(traceback=None)¶ Entra na depuração post-mortem do objeto traceback fornecido. Se não for fornecido um traceback, será usada a exceção que está sendo manipulada no momento (uma exceção deve ser manipulada para que o padrão seja usado).
-
pdb.
pm
()¶ Entra na depuração post-mortem do traceback encontrado em
sys.last_traceback
.
As funções run*
e a set_trace()
são aliases, ou apelidos, para instanciar a classe Pdb
e chamar o método com o mesmo nome. Se você deseja acessar outros recursos, faça você mesmo:
-
class
pdb.
Pdb
(completekey='tab', stdin=None, stdout=None, skip=None, nosigint=False, readrc=True)¶ Pdb
é a classe do depurador.Os argumentos completekey, stdin e stdout são passados para a classe subjacente
cmd.Cmd
; veja a descrição lá.O argumento skip, se fornecido, deve ser um iterável de padrões de nome de módulo no estilo glob. O depurador não entrará nos quadros que se originam em um módulo que corresponde a um desses padrões. 1
Por padrão, o Pdb define um manipulador para o sinal SIGINT (que é enviado quando o usuário pressiona Ctrl-C no console) quando você dá um comando
continue
. Isso permite que você entre no depurador novamente pressionando Ctrl-C. Se você deseja que o Pdb não toque no manipulador SIGINT, defina nosigint como true.O argumento readrc é padronizado como true e controla se o Pdb carregará arquivos .pdbrc do sistema de arquivos.
Exemplo de chamada para habilitar rastreamento com skip:
import pdb; pdb.Pdb(skip=['django.*']).set_trace()
Novo na versão 3.1: O argumento skip.
Novo na versão 3.2: O argumento nosigint. Anteriormente, um manipulador de SIGINT nunca era definido por Pdb.
Alterado na versão 3.6: O argumento readrc.
27.3.1. Comandos de depuração¶
Os comandos reconhecidos pelo depurador estão listados abaixo. A maioria dos comandos pode ser abreviada para uma ou duas letras, conforme indicado; por exemplo, h(elp)
significa que h
ou help
podem ser usados para inserir o comando de ajuda (mas não he
ou hel
, nem H
ou Help
ou HELP
). Os argumentos para os comandos devem ser separados por espaços em branco (espaços ou tabulações). Os argumentos opcionais estão entre colchetes ([]
) na sintaxe do comando; os colchetes não devem ser digitados. As alternativas na sintaxe de comando são separadas por uma barra vertical (|
).
Digitar uma linha em branco repete o último comando digitado. Exceção: se o último comando foi um comando list
, as próximas 11 linhas serão listadas.
Os comandos que o depurador não reconhece são presumidos como instruções Python e são executados no contexto do programa que está sendo depurado. As instruções Python também podem ser prefixadas com um ponto de exclamação (!
). Essa é uma maneira poderosa de inspecionar o programa que está sendo depurado; é até possível alterar uma variável ou chamar uma função. Quando ocorre uma exceção em uma instrução, o nome da exceção é impresso, mas o estado do depurador não é alterado.
O depurador possui suporte a aliases. Os aliases podem ter parâmetros que permitem um certo nível de adaptabilidade ao contexto em exame.
Vários comandos podem ser inseridos em uma única linha, separados por ;;
. (Um único ;
não é usado, pois é o separador de vários comandos em uma linha que é passada para o analisador sintático do Python.) Nenhuma inteligência é aplicada para separar os comandos; a entrada é dividida no primeiro par ;;
, mesmo que esteja no meio de uma string entre aspas.
Se um arquivo .pdbrc
existir no diretório inicial do usuário ou no diretório atual, ele será lido e executado como se tivesse sido digitado no prompt do depurador. Isso é particularmente útil para aliases. Se os dois arquivos existirem, aquele no diretório inicial será lido primeiro e os aliases definidos poderão ser substituídos pelo arquivo local.
Alterado na versão 3.2: .pdbrc
agora pode conter comandos que continuam a depuração, como continue
ou next
. Anteriormente, esses comandos não tinham efeito.
-
h(elp)
[command]
¶ Sem argumento, imprime a lista de comandos disponíveis. Com um command como argumento, imprime ajuda sobre esse comando.
help pdb
exibe a documentação completa (a docstring do módulopdb
). Como o argumento command deve ser um identificador,help exec
deve ser inserido para obter ajuda sobre o comando!
.
-
w(here)
¶ Exibe um stack trace (situação da pilha de execução), com o quadro mais recente na parte inferior. Uma seta indica o quadro atual, que determina o contexto da maioria dos comandos.
-
d(own)
[count]
¶ Move os níveis do quadro atual count (padrão 1) para baixo no stack trace (para um quadro mais recente).
-
u(p)
[count]
¶ Move os níveis do quadro atual na count (padrão 1) para cima no stack trace (para um quadro mais antigo).
-
b(reak)
[([filename:]lineno | function) [, condition]]
¶ Com um argumento lineno, define uma interrupção no arquivo atual. Com um argumento function, defina uma quebra na primeira instrução executável dentro dessa função. O número da linha pode ser prefixado com um nome de arquivo e dois pontos, para especificar um ponto de interrupção em outro arquivo (provavelmente um que ainda não foi carregado). O arquivo é pesquisado em
sys.path
. Observe que cada ponto de interrupção recebe um número ao qual todos os outros comandos de ponto de interrupção se referem.Se um segundo argumento estiver presente, é uma expressão que deve ser avaliada como verdadeira antes que o ponto de interrupção seja respeitado.
Sem argumento, lista todas as quebras, inclusive para cada ponto de interrupção, o número de vezes que o ponto de interrupção foi atingido, a contagem atual de ignorados e a condição associada, se houver.
-
tbreak
[([filename:]lineno | function) [, condition]]
¶ Ponto de interrupção temporário, que é removido automaticamente quando é atingido pela primeira vez. Os argumentos são os mesmos que para
break
.
-
cl(ear)
[filename:lineno | bpnumber [bpnumber ...]]
¶ Com um argumento filename:lineno, limpa todos os pontos de interrupção nessa linha. Com uma lista separada por espaços de números de ponto de interrupção, limpa esses pontos de interrupção. Sem argumento, limpa todas as quebras (mas primeiro pede a confirmação).
-
disable
[bpnumber [bpnumber ...]]
¶ Desativa os pontos de interrupção fornecidos como uma lista separada por espaços de números de pontos de interrupção. Desabilitar um ponto de interrupção significa que ele não pode interromper a execução do programa, mas, ao contrário de limpar um ponto de interrupção, ele permanece na lista de pontos de interrupção e pode ser (re)ativado.
-
enable
[bpnumber [bpnumber ...]]
¶ Ativa o ponto de interrupção especificado.
-
ignore
bpnumber [count]
¶ Define a contagem de ignorados para o número do ponto de interrupção especificado. Se a contagem for omitida, a contagem de ignorados será definida como 0. Um ponto de interrupção se torna ativo quando a contagem de ignorados é zero. Quando diferente de zero, a contagem é decrementada cada vez que o ponto de interrupção é atingido e o ponto de interrupção não é desativado e qualquer condição associada é avaliada como verdadeira.
-
condition
bpnumber [condition]
¶ Define uma nova condition para o ponto de interrupção, uma expressão que deve ser avaliada como verdadeira antes que o ponto de interrupção seja respeitado. Se condition for omitida, qualquer condição existente será removida; isto é, o ponto de interrupção é tornado incondicional.
-
commands
[bpnumber]
¶ Especifica uma lista de comandos para o número do ponto de interrupção bpnumber. Os próprios comandos aparecem nas seguintes linhas. Digite em uma linha contendo apenas
end
para finalizar os comandos. Um exemplo:(Pdb) commands 1 (com) p some_variable (com) end (Pdb)
To remove all commands from a breakpoint, type commands and follow it immediately with
end
; that is, give no commands.With no bpnumber argument, commands refers to the last breakpoint set.
You can use breakpoint commands to start your program up again. Simply use the continue command, or step, or any other command that resumes execution.
Specifying any command resuming execution (currently continue, step, next, return, jump, quit and their abbreviations) terminates the command list (as if that command was immediately followed by end). This is because any time you resume execution (even with a simple next or step), you may encounter another breakpoint—which could have its own command list, leading to ambiguities about which list to execute.
Se você usar o comando ‘silent’ na lista de comandos, a mensagem usual sobre a parada em um ponto de interrupção não será impressa. Isso pode ser desejável para pontos de interrupção que devem imprimir uma mensagem específica e continuar. Se nenhum dos outros comandos imprimir alguma coisa, você não vê sinal de que o ponto de interrupção foi atingido.
-
s(tep)
¶ Executa a linha atual, interrompe na primeira ocasião possível (em uma função chamada ou na próxima linha na função atual).
-
n(ext)
¶ Continua a execução até que a próxima linha na função atual seja atingida ou ela retorne. (A diferença entre
next
estep
é questep
para dentro de uma função chamada, enquantonext
executa funções chamadas em (quase) velocidade máxima, parando apenas na próxima linha da função atual.)
-
unt(il)
[lineno]
¶ Sem argumento, continua a execução até que a linha com um número maior que o atual seja atingida.
Com um número de linha, continua a execução até que uma linha com um número maior ou igual ao alcançado. Nos dois casos, também interrompe quando o quadro atual retornar.
Alterado na versão 3.2: Permite fornecer um número de linha explícito.
-
r(eturn)
¶ Continua a execução até que a função atual retorne.
-
c(ont(inue))
¶ Continua a execução, interrompe apenas quando um ponto de interrupção for encontrado.
-
j(ump)
lineno
¶ Define a próxima linha que será executada. Disponível apenas no quadro mais inferior. Isso permite voltar e executar o código novamente ou avançar para pular o código que você não deseja executar.
Deve-se notar que nem todos os saltos são permitidos – por exemplo, não é possível pular para o meio de um loop de
for
ou sair de uma cláusulafinally
.
-
l(ist)
[first[, last]]
¶ Lista o código-fonte do arquivo atual. Sem argumentos, lista 11 linhas ao redor da linha atual ou continue a listagem anterior. Com
.
como argumento, lista 11 linhas ao redor da linha atual. Com um argumento, lista 11 linhas nessa linha. Com dois argumentos, lista o intervalo especificado; se o segundo argumento for menor que o primeiro, ele será interpretado como uma contagem.A linha atual no quadro atual é indicada por
->
. Se uma exceção estiver sendo depurada, a linha em que a exceção foi originalmente gerada ou propagada é indicada por>>
, se for diferente da linha atual.Novo na versão 3.2: O marcador
>>
.
-
ll
| longlist
¶ Lista todo o código-fonte da função ou quadro atual. As linhas interessantes estão marcadas como para
list
.Novo na versão 3.2.
-
a(rgs)
¶ Imprime a lista de argumentos da função atual.
-
p
expression
¶ Avalia a expressão expression no contexto atual e imprima seu valor.
Nota
print()
também pode ser usado, mas não é um comando de depuração — isso executa a função Pythonprint()
.
-
pp
expression
¶ Como o comando
p
, exceto que o valor da expressão é bastante impresso usando o módulopprint
.
-
whatis
expression
¶ Exibe o tipo da expressão expression.
-
source
expression
¶ Tenta obter o código-fonte para o objeto especificado e exibe-o.
Novo na versão 3.2.
-
display
[expression]
¶ Exibe o valor da expressão caso ela tenha sido alterada, sempre que a execução for interrompida no quadro atual.
Sem expressão, lista todas as expressões de exibição para o quadro atual.
Novo na versão 3.2.
-
undisplay
[expression]
¶ Não exibe mais a expressão no quadro atual. Sem expressão, limpa todas as expressões de exibição para o quadro atual.
Novo na versão 3.2.
-
interact
¶ Inicia um interpretador interativo (usando o módulo
code
) cujo espaço de nomes global contenha todos os nomes (globais e locais) encontrados no escopo atual.Novo na versão 3.2.
-
alias
[name [command]]
¶ Cria um alias chamado name que executa command. O comando não deve estar entre aspas. Os parâmetros substituíveis podem ser indicados por
%1
,%2
e assim por diante, enquanto%*
é substituído por todos os parâmetros. Se nenhum comando for fornecido, o alias atual para name será mostrado. Se nenhum argumento for fornecido, todos os aliases serão listados.Os aliases podem ser aninhados e podem conter qualquer coisa que possa ser digitada legalmente no prompt do pdb. Observe que os comandos internos do pdb podem ser substituídos por aliases. Esse comando é oculto até que o alias seja removido. O alias é aplicado recursivamente à primeira palavra da linha de comando; todas as outras palavras da linha são deixadas em paz.
Como exemplo, aqui estão dois aliases úteis (especialmente quando colocados no arquivo
.pdbrc
):# Print instance variables (usage "pi classInst") alias pi for k in %1.__dict__.keys(): print("%1.",k,"=",%1.__dict__[k]) # Print instance variables in self alias ps pi self
-
unalias
name
¶ Executa o alias especificado.
-
!
statement
¶ Executa a instrução statement (de uma só linha) no contexto do quadro de pilha atual. O ponto de exclamação pode ser omitido, a menos que a primeira palavra da instrução seja semelhante a um comando de depuração. Para definir uma variável global, você pode prefixar o comando de atribuição com uma instrução
global
na mesma linha, por exemplo:(Pdb) global list_options; list_options = ['-l'] (Pdb)
-
run
[args ...]
¶ -
restart
[args ...]
¶ Reinicia o programa Python depurado. Se um argumento é fornecido, ele é dividido com
shlex
e o resultado é usado como o novosys.argv
. Histórico, pontos de interrupção, ações e opções do depurador são preservados.restart
é um apelido pararun
.
-
q(uit)
¶ Sai do depurador. O programa que está sendo executado é abortado.
Notas de rodapé
- 1
Se um quadro é considerado originário de um determinado módulo é determinado pelo
__name__
nos globais do quadro.