1. Introdução

Este manual de referência descreve a linguagem de programação Python. O mesmo não tem como objetivo de ser um tutorial.

Enquanto estou tentando ser o mais preciso possível, optei por usar especificações em inglês e não formal para tudo, exceto para a sintaxe e análise léxica. Isso deve tornar o documento mais compreensível para o leitor intermediário, mas deixará margem para ambiguidades. Consequentemente, caso estivesses vindo de Marte e tentasse re-implementar o Python a partir deste documento, sozinho, talvez precisarias adivinhar algumas coisas e, na verdade, provavelmente acabaria por implementar um linguagem bem diferente. Por outro lado, se estiveres usando o Python e se perguntando quais são as regras precisas sobre uma determinada área da linguagem, você definitivamente encontrá neste documento o que estás procurando. Caso queiras ver uma definição mais formal do linguagem, talvez possas oferecer seu tempo — ou inventar uma máquina de clonagem :-).

É perigoso adicionar muitos detalhes de implementação num documento de referência de uma linguagem - a implementação pode mudar e outras implementações da mesma linguagem podem funcionar de forma diferente. Por outro lado, o CPython é a única implementação de Python em uso de forma generalizada (embora as implementações alternativas continuem a ganhar suporte), e suas peculiaridades e particulares são por vezes dignas de serem mencionadas, especialmente quando a implementação impõe limitações adicionais. Portanto, encontrarás poucas “notas sobre a implementação” espalhadas neste documento.

Cada implementação do Python vem com vários módulos internos e por padrão. Estes estão documentados em A Biblioteca Padrão do Python. Alguns módulos internos são mencionados ao interagirem de forma significativa com a definição da linguagem.

1.1. Implementações Alternativas

Embora exista uma implementação do Python que seja, de longe, a mais popular, existem algumas implementações alternativas que são de de interesse particular e para públicos diferentes.

As implementações conhecidas são:

CPython

Esta é a implementação original e a é a versão do Python que mais vem sendo sendo desenvolvido e a mesma está escrita com a linguagem C. Novas funcionalidades ou recursos da linguagem aparecerão por aqui primeiro.

Jython

Versão do Python implementado em Java. Esta implementação pode ser usada como linguagem de Script em aplicações Java, ou pode ser usada para criar aplicativos usando as bibliotecas das classes do Java. Também vem sendo bastante utilizado na construção de testes unitários para as bibliotecas do Java. Mais informações podem ser encontradas no the Jython website.

Python for .NET

Essa implementação utiliza de fato a implementação CPython, mas é um aplicativo gerenciado .NET e disponibilizado como uma bibliotecas .NET. Foi desenvolvido por Brian Lloyd. Para obter mais informações, consulte Python for .NET home page.

IronPython

Um versão alternativa do Python para a plataforma .NET. Ao contrário do Python.NET, esta é uma implementação completa do Python que gera IL e compila o código Python diretamente para assemblies .NET. Foi desenvolvida por Jim Hugunin, o criador original do Jython. Para obter mais informações, consulte the IronPython website.

PyPy

Uma implementação do Python escrita completamente em Python. A mesma suporta vários recursos avançados não encontrados em outras implementações, como suporte sem pilhas e um compilador Just in Time. Um dos objetivos do projeto é incentivar a construção de experimentos com a própria linguagem, facilitando a modificação do interpretador (uma vez que o mesmos está escrito em Python). Informações adicionais estão disponíveis na página the PyPy project’s home page.

Cada uma dessas implementações varia em alguma forma a linguagem conforme documentado neste manual, ou introduz informações específicas além do que está coberto na documentação padrão do Python. Consulte a documentação específica da implementação para determinar o que é necessário sobre a implementação específica que você está usando.

1.2. Notação

As descrições da Análise Léxica e da Sintaxe usam uma notação de gramática BNF modificada. Isso usa o seguinte estilo de definição:

name      ::=  lc_letter (lc_letter | "_")*
lc_letter ::=  "a"..."z"

A primeira linha diz que um nome é um lc_letter seguido de uma seqüência de zero ou mais lc_letter``s e underscores. Um ``lc_letter por sua vez é qualquer um dos caracteres simples 'a' através de 'z'. (Esta regra é aderida pelos nomes definidos nas regras léxicas e gramáticas deste documento.)

Cada regra começa com um nome (no caso, o nome definido pela regra) e ::=. Uma barra vertical (|) é usada para separar alternativas; o mesmo é o operador menos vinculativo nesta notação. Uma estrela (*) significa zero ou mais repetições do item anterior; da mesma forma, o sinal de adição (+) significa uma ou mais repetições, e uma frase entre colchetes ([]) significa zero ou uma ocorrência (em outras palavras, a frase anexada é opcional). Os operadores * e + se ligam tão forte quanto possível; parêntesis são usados para o agrupamento. Os literais Strings são delimitados por aspas. O espaço em branco só é significativo para separar os tokens. As regras normalmente estão contidas numa única linha; as regras com muitas alternativas podem ser formatadas alternativamente com cada linha após o primeiro começo com uma barra vertical.

Nas definições léxicas (como o exemplo acima), são utilizadas mais duas convenções: dois caracteres literais separados por três pontos significam a escolha de qualquer caractere único na faixa (inclusiva) fornecida pelos caracteres ASCII. Uma frase entre colchetes angulares (<...>) fornece uma descrição informal do símbolo definido; por exemplo, isso poderia ser usado para descrever a notação de ‘caractere de controle’, caso fosse necessário.

Embora a notação utilizada seja quase a mesma, há uma grande diferença entre o significado das definições lexicais e sintáticas: uma definição lexical opera nos caracteres individuais da fonte de entrada, enquanto uma definição de sintaxe opera no fluxo de tokens gerados pelo analisador lexico. Todos os usos do BNF no próximo capítulo (“Lexical Analysis”) são definições léxicas; os usos nos capítulos subsequentes são definições sintáticas.