2. Utilizando o interpretador Python

2.1. Chamando o interpretador

O interpretador Python geralmente é instalado como /usr/local/bin/python3.12 nas máquinas em que está disponível; colocar /usr/local/bin no caminho de pesquisa do shell Unix permite iniciá-lo digitando o comando:

python3.12

no shell. [1] Considerando que a escolha do diretório onde o interpretador está é uma opção de instalação, outros locais são possíveis; verifique com seu guru local de Python ou administrador do sistema local. (Por exemplo, /usr/local/python é um local alternativo popular.)

Nas máquinas Windows em que for instalado o Python a partir de Microsoft Store, o comando python3.12 ficará disponível. Se você tiver o lançador py.exe instalado, pode usar o comando py. Consulte Excursus: Configurando variáveis de ambiente para outras formas de iniciar o Python.

Digitar um caractere de fim de arquivo (Control-D no Unix, Control-Z no Windows) diretamente no prompt força o interpretador a sair com status de saída zero. Se isso não funcionar, você pode sair do interpretador digitando o seguinte comando: quit().

Os recursos de edição de linha do interpretador incluem edição interativa, substituição de histórico e complemento de código, em sistemas com suporte à biblioteca GNU Readline. Talvez a verificação mais rápida para ver se o suporte à edição de linha de comando está disponível é digitando Control-P no primeiro prompt oferecido pelo Python. Se for emitido um bipe, você terá a edição da linha de comando; veja Apêndice Edição de entrada interativa e substituição de histórico para uma introdução às combinações. Se nada acontecer, ou se ^P aparecer na tela, a edição da linha de comando não está disponível; você só poderá usar backspace para remover caracteres da linha atual.

O interpretador trabalha de forma semelhante a uma shell de Unix: quando chamado com a saída padrão conectada a um console de terminal, ele lê e executa comandos interativamente; quando chamado com um nome de arquivo como argumento, ou com redirecionamento da entrada padrão para ler um arquivo, o interpretador lê e executa o script contido no arquivo.

Uma segunda forma de iniciar o interpretador é python -c comando [arg] ..., que executa uma ou mais instruções especificadas na posição comando, analogamente à opção de shell -c. Considerando que comandos Python frequentemente têm espaços em branco (ou outros caracteres que são especiais para a shell) é aconselhável que todo o comando esteja entre as aspas.

Alguns módulos Python são também úteis como scripts. Estes podem ser chamados usando python -m módulo [arg] ... que executa o arquivo fonte do módulo como se você tivesse digitado seu caminho completo na linha de comando.

Quando um arquivo de script é utilizado, às vezes é útil executá-lo e logo em seguida entrar em modo interativo. Isto pode ser feito acrescentando o argumento -i antes do nome do script.

Todas as opções de linha de comando são descritas em Linha de comando e ambiente.

2.1.1. Passagem de argumentos

Quando são de conhecimento do interpretador, o nome do script e demais argumentos da linha de comando da shell são acessíveis ao próprio script através da variável argv do módulo sys. Pode-se acessar essa lista executando import sys. Essa lista tem sempre ao menos um elemento; quando nenhum script ou argumento for passado para o interpretador, sys.argv[0] será uma string vazia. Quando o nome do script for '-' (significando entrada padrão), o conteúdo de sys.argv[0] será '-'. Quando for utilizado -c comando, sys.argv[0] conterá '-c'. Quando for utilizado -m módulo, sys.argv[0] conterá o caminho completo do módulo localizado. Opções especificadas após -c comando ou -m módulo não serão consumidas pelo interpretador mas deixadas em sys.argv para serem tratadas pelo comando ou módulo.

2.1.2. Modo interativo

Quando os comandos são lidos a partir do console, diz-se que o interpretador está em modo interativo. Nesse modo ele solicita um próximo comando através do prompt primário, tipicamente três sinais de maior (>>>); para linhas de continuação do comando atual, o prompt secundário padrão é formado por três pontos (...). O interpretador exibe uma mensagem de boas vindas, informando seu número de versão e um aviso de copyright antes de exibir o primeiro prompt:

$ python3.12
Python 3.12 (default, April 4 2022, 09:25:04)
[GCC 10.2.0] on linux
Type "help", "copyright", "credits" or "license" for more information.
>>>

Linhas de continuação são necessárias em construções multi-linha. Como exemplo, dê uma olhada nesse comando if:

>>> o_mundo_é_plano = True
>>> if o_mundo_é_plano:
...     print("Cuidado para não cair da borda!")
...
Cuidado para não cair da borda!

Para mais informações sobre o modo interativo, veja Modo interativo.

2.2. O interpretador e seu ambiente

2.2.1. Edição de código-fonte

Por padrão, arquivos fonte de Python são tratados com codificação UTF-8. Nessa codificação, caracteres de muitos idiomas no mundo podem ser usados simultaneamente em literais string, identificadores e comentários — embora a biblioteca padrão use apenas caracteres ASCII para identificadores, uma convenção que qualquer código portável deve seguir. Para exibir todos esses caracteres corretamente, seu editor deve reconhecer que o arquivo é UTF-8 e deve usar uma fonte com suporte a todos os caracteres no arquivo.

Para declarar uma codificação diferente da padrão, uma linha de comentário especial deve ser adicionada como primeira linha do arquivo. A sintaxe é essa:

# -*- coding: encoding -*-

onde encoding é uma das codecs válidas com suporte do Python.

Por exemplo, para declarar que a codificação Windows-1252 deve ser usada, a primeira linha do seu arquivo fonte deve ser:

# -*- coding: cp1252 -*-

Uma exceção para a regra da primeira linha é quando o código-fonte inicia com uma linha com UNIX “shebang”. Nesse caso, a declaração de codificação deve ser adicionada como a segunda linha do arquivo. Por exemplo:

#!/usr/bin/env python3
# -*- coding: cp1252 -*-

Notas de rodapé