Expressões Regulares HOWTO

Autor

A.M. Kuchling <amk@amk.ca>

Resumo

Este documento é um tutorial introdutório sobre expressões regulares em Python com o módulo re. Ele provê uma introdução mais tranquila que a seção correspondente à documentação do módulo.

Introdução

O módulo re foi adicionado no Python 1.5, e provê padrões de expressões regulares no “estilo Perl”. As versões anteriores do Python vieram com o módulo regex, que forneceu os padrões “estilo Emacs”. O módulo regex foi completamente removido do Python 2.5.

As expressões regulares (chamadas de REs, regexes, ou padrões de regex) são, essencialmente, uma pequena linguagem de programação, altamente especializada, embutida dentro do Python e disponibilizadas através do módulo re. Utilizando esta pequena linguagem, você especifica as regras para o conjunto de possíveis strings com as quais você deseja corresponder, este conjunto pode conter frases em inglês, endereços de e-mail, comandos TeX ou qualquer coisa que você queira. Você pode então fazer perguntas como “Será que esta string corresponde ao padrão?” ou “Existe uma correspondência para o padrão em qualquer lugar nesta string?”. Você também pode usar REs para modificar uma string ou dividi-la de várias maneiras.

Padrões de expressões regulares são compilados em uma série de bytecodes que são então executados por um mecanismo de correspondência escrito em C. Para uso avançado, pode ser necessário prestar muita atenção à forma como o mecanismo irá executar uma RE informada, e escrever a RE de uma certa maneira, a fim de produzir um bytecode que seja executado de forma mais rápida. A otimização não é abordada neste documento, porque ela requer que você tenha um bom entendimento interno do mecanismo de correspondência.

A linguagem de expressão regular é relativamente pequena e restrita, por isso nem todas as tarefas de processamento de strings possíveis podem ser feitas usando expressões regulares. Existem também tarefas que podem ser feitas com expressões regulares, mas as expressões acabam por ser tornar muito complicadas. Nestes casos, pode ser melhor para você escrever um código Python para fazer o processamento; embora um código Python seja mais lento do que uma expressão regular elaborada, ele provavelmente será mais compreensível.

Padrões Simples

Vamos começar por aprender sobre as expressões regulares mais simples possíveis. Como as expressões regulares são usadas para operar em strings, vamos começar com a tarefa mais comum: de correspondência caracteres.

Para uma explicação detalhada da ciência da computação referente a expressões regulares (autômatos finitos determinísticos e não-determinístico), você pode consultar a praticamente qualquer livro sobre a escrita de compiladores.

Caracteres Correspondentes

A maioria das letras e caracteres simplesmente irão corresponder entre si. Por exemplo, a expressão regular teste irá combinar com a string teste totalmente. (Você pode habilitar o modo de maiúsculas e minúsculas que faria com que a RE corresponder com Test ou TEST também; veremos mais sobre isso mais adiante.)

Há exceções a essa regra, alguns caracteres são metacaracteres especiais, e não se correspondem. Em vez disso, eles sinalizam que alguma coisa fora do normal deve ser correspondida, ou eles afetam outras partes da RE, repetindo-as ou alterando seus significados. Grande parte deste documento é dedicada à discussão de vários metacaracteres e o que eles fazem.

Aqui está a lista completa de metacaracteres; seus significados serão discutidos ao longo deste documento.

. ^ $ * + ? { } [ ] \ | ( )

O primeiro metacaractere que vamos olhar são os colchetes, [ e ]. Eles são usados para especificar uma classe de caracteres, que é um conjunto de caracteres que você deseja corresponder. Os caracteres podem ser listados individualmente, ou um intervalo de caracteres pode ser indicado informando dois caracteres e separando-os por um -. Por exemplo, [abc] irá corresponder a qualquer dos caracteres a, b, c ou, o que é o mesmo que [a-c], que usa um intervalo de expressar o mesmo conjunto de caracteres. Se você quiser corresponder apenas letras minúsculas, a RE seria [a-z].

Metacaracteres não são ativos dentro classes [ ]. Por exemplo, [akm$] irá corresponder a qualquer um dos caracteres a, k, m, ou $; $ é geralmente um metacaractere, mas dentro de uma classe de caracteres ele é despojado de sua natureza especial.

You can match the characters not listed within the class by complementing the set. This is indicated by including a '^' as the first character of the class. For example, [^5] will match any character except '5'. If the caret appears elsewhere in a character class, it does not have special meaning. For example: [5^] will match either a '5' or a '^'.

Talvez o metacaractere mais importante é a barra invertida, \. Como as strings literais em Python, a barra invertida pode ser seguida por vários caracteres para sinalizar várias sequências especiais. Ela também é usada para escapar todos os metacaracteres, e assim, você poder combiná-los em padrões; por exemplo, se você precisa fazer correspondência a um [ ou \, você pode precedê-los com uma barra invertida para remover seu significado especial: \[ ou \\.

Algumas das sequências especiais que começam com \ representam conjuntos predefinidos de caracteres que muitas vezes são úteis, como o conjunto de dígitos, o conjunto de letras, ou o conjunto de qualquer coisa que não seja um espaço em branco. As seguintes sequências especiais pré-definidas são um subconjunto das disponíveis. As classes equivalentes são para padrões de “byte string” (byte string patterns). Para uma lista completa de definições de sequências e classe estendida para os padrões string Unicode, consulte a última parte de ‘Sintaxe de Expressões Regulares’.

\d

corresponde a qualquer dígito decimal, que é equivalente à classe [0-9].

\D

corresponde a qualquer caractere não-dígito, o que é equivalente à classe [^0-9].

\s

corresponde a qualquer caractere espaço-em-branco, o que é equivalente à classe [\t\n\r\f\v].

\S

corresponde a qualquer caractere não-espaço-branco, o que é equivalente à classe [^\t\n\r\f\v].

\w

corresponde a qualquer caractere alfanumérico, o que é equivalente à classe [azA-Z0-9_].

\W

corresponde a qualquer caractere não-alfanumérico, o que é equivalente à classe [^a-zA-Z0-9_].

Estas sequências podem ser incluídas dentro de uma classe caractere. Por exemplo, [\s,.] É uma classe caractere que irá corresponder a qualquer caractere espaço-em-branco, ou , ou ..

O metacaractere final desta seção é o .. Ele encontra tudo, exceto um caractere nova linha, e existe um modo alternativo (re.DOTALL), onde ele irá corresponderaté mesmo a um caractere nova linha. . é , geralmente, usado quando você quer corresponder com qualquer caractere.

Repetindo Coisas

Ser capaz de corresponder com variados conjuntos de caracteres é a primeira coisa que as expressões regulares podem fazer que ainda não é possível com os métodos disponíveis para strings. No entanto, se essa fosse a única capacidade adicional das expressões regulares, elas não seriam um avanço relevante. Outro recurso que você pode especificar é que partes do RE devem ser repetidas um certo número de vezes.

O primeiro metacaractere para repetição de coisas que vamos ver é o *. * Não corresponde com o caractere literal *; em vez disso, ele especifica que o caractere anterior pode ser combinado zero ou mais vezes, em vez de apenas uma vez.

Por exemplo, ca*t irá corresponder a ct 0 caracteres a, cat 1 caracter a, caaat 3 caracteres a, e assim por diante. O motor da RE tem várias limitações internas decorrentes do tamanho do tipo int de C que irá impedi-lo de correspondência com mais de 2 bilhões de caracteres a; você provavelmente não tem memória suficiente para a construção de uma string tão grande, então você não deve chegar a esse limite.

Repetições, tais como * são gananciosas; ao repetir a RE, o motor de correspondência vai tentar repeti-la tantas vezes quanto possível. Se porções posteriores do padrão não corresponderem, o motor de correspondência, em seguida, volta e tenta novamente com algumas repetições.

Um exemplo passo a passo irá tornar isso mais óbvio. Vamos considerar a expressão a[bcd]*b. Isto corresponde com a letra a, zero ou mais cartas da classe [bcd] e, finalmente, termina com um b. Agora imagine combinar esta RE contra a string abcbd.

Passo

Correspondência

Explanação

1

a

O caractere a na RE tem correspondência.

2

abcbd

O motor corresponde com [bcd]*, indo tão longe quanto possível, que é o fim do string.

3

Failure

O motor tenta corresponder com b, mas a posição corrente está no final da string, então ele falha.

4

abcb

Voltando, de modo que [bcd]* corresponde a um caracter a menos.

5

Failure

Tenta b novamente, mas a posição corrente é a do último caractere, que é um d.

6

abc

Voltando novamente, de modo que [bcd]* está correspondendo com bc somente.

6

abcb

Tenta b novamente. Desta vez, o caractere na posição corrente é b, por isso sucesso.

O final da RE foi agora alcançado, e correspondeu com abcb. Isso demonstra como o motor de correspondência vai tão longe quanto possível em uma primeira tentativa, e se não for encontrada nenhuma correspondência, ele irá então progressivamente voltar e tentar novamente o resto da RE novamente e novamente. Ele vai retornar até que não tenha conseguido nenhum resultado para [bcd]*, e se isso falhar subsequentemente, o motor vai concluir que a string não corresponde com o RE de nenhuma maneira.

Outro metacaractere de repetição é o +, que corresponde a uma ou mais vezes. Preste muita atenção para a diferença entre * e +; * corresponde com zero ou mais vezes, assim, o que quer que esteja sendo repetido pode não estar presente, enquanto que + requer pelo menos uma ocorrência. Para usar um exemplo similar, ca+t vai corresponder a cat 1 a, caaat 3 a, mas não corresponde com ct.

Existem mais dois qualificadores de repetição. ? O caractere ponto de interrogação, ?, que corresponde a uma vez ou zero vezes; você pode pensar nisso como a marcação de algo sendo opcional. Por exemplo, home-?brew corresponde tanto com homebrew quanto com home-brew.

O qualificador de repetição mais complicado é o {m,n}, em que m e n são números inteiros decimais. Esta qualificação significa que deve haver pelo menos m repetições, e no máximo n. Por exemplo, a/{1,3}b irá corresponder a a/b, a//b e a///b. Não vai corresponder com ab, que não tem barras ou a a////b, que tem quatro.

Você pode omitir tanto m quanto n; nesse caso, um valor razoável é assumido para o valor em falta. Omitir m é interpretado como o limite inferior de 0(zero), enquanto omitir n resulta em um limite superior como o infinito – na verdade, o limite superior é o limite de 2 bilhões mencionado anteriormente, mas isso poderia muito bem ser infinito.

Os leitores de uma inclinação reducionista podem notar que os três outros qualificadores podem todos serem expressos utilizando esta notação. {0,} é o mesmo que *, {1,} é equivalente a +, e {0,1} é o mesmo que ?. É melhor usar *, + ou ? quando puder, simplesmente porque eles são mais curtos e fáceis de ler.

Usando expressões regulares

Agora que nós vimos algumas expressões regulares simples, como nós realmente as usamos em Python? O módulo re fornece uma interface para o mecanismo de expressão regular, permitindo compilar REs em objetos e, em seguida, executar comparações com eles.

Compilando Expressões Regulares

As expressões regulares são compiladas em objetos padrão, que têm métodos para várias operações, tais como a procura por padrões de correspondência ou realizar substituições de strings.

>>> import re
>>> p = re.compile('ab*')
>>> p  
<_sre.SRE_Pattern object at 0x...>

re.compile() também aceita flags opcionais como argumentos, utilizados para habilitar vários recursos especiais e variações de sintaxe. Nós vamos ver todas as configurações disponíveis mais tarde, mas por agora, um único exemplo vai servir:

>>> p = re.compile('ab*', re.IGNORECASE)

A RE é passada para re.compile() como uma string. REs são tratadas como strings porque as expressões regulares não são parte do núcleo da linguagem Python, e nenhuma sintaxe especial foi criada para expressá-las. (Existem aplicações que não necessitam de REs nenhuma, por isso não há necessidade de inchar a especificação da linguagem, incluindo-as.) Em vez disso, o módulo re é simplesmente um módulo de extensão C incluído no Python, assim como os módulos de socket ou zlib.

Colocando REs em strings mantém a linguagem Python mais simples, mas tem uma desvantagem, que é o tema da próxima seção.

A praga da barra invertida

Como afirmado anteriormente, expressões regulares usam o caractere de barra invertida \ para indicar formas especiais ou para permitir que caracteres especiais sejam usados sem invocar o seu significado especial. Isso entra em conflito com o uso pelo Python do mesmo caractere para o mesmo propósito nas strings literais.

Vamos dizer que você quer escrever uma RE que corresponde com a string \section, que pode ser encontrada em um arquivo LaTeX. Para descobrir o que escrever no código do programa, comece com a string que se deseja corresponder. Em seguida, você deve preceder qualquer barra invertida e outros metacaracteres com uma barra invertida, tendo como resultado a string \\section. A string resultante que deve ser passada para re.compile() deve ser \\section. No entanto, para expressar isso como uma string literal Python, ambas as barras invertidas devem ser precedidas com uma barra invertida novamente.

Caracteres

Etapa

\section

Text string to be matched

\\section

preceder com barra invertida para re.compile()

"\\\\section"

barras invertidas precedidas novamente para uma string literal

Em suma, para corresponder com uma barra invertida literal, tem de se escrever \\\\ como a string da RE, porque a expressão regular deve ser \\, e cada barra invertida deve ser expressa como \\ dentro de uma string literal Python normal. Em REs que apresentam barras invertidas repetidas vezes, isso leva a um monte de barras invertidas repetidas e faz as strings resultantes difíceis de entender.

A solução é usar a notação de string crua (raw) do Python para expressões regulares; barras invertidas não são tratadas de nenhuma forma especial em uma string literal se prefixada com r, então r"\n" é uma string de dois caracteres contendo \ e n, enquanto "\n" é uma string de um único caractere contendo uma nova linha. As expressões regulares, muitas vezes, são escritas no código Python usando esta notação de string crua (raw).

String Regular

String Crua

"ab*"

r"ab*"

"\\\\section"

r"\\section"

"\\w+\\s+\\1"

r"\w+\s+\1"

Executando Comparações

Uma vez que você tem um objeto que representa uma expressão regular compilada, o que você faz com ele? Objetos padrão têm vários métodos e atributos. Apenas os mais significativos serão vistos aqui; consulte a documentação do módulo re para uma lista completa.

Método/Atributo

Purpose

match()

Determina se a RE combina com o início da string.

search()

Varre toda a string, procurando qualquer local onde esta RE tem correspondência.

findall()

Encontra todas as substrings onde a RE corresponde, e as retorna como uma lista.

finditer()

Encontra todas as substrings onde a RE corresponde, e as retorna como um iterator.

match() e search() retornam None se não existir nenhuma correspondência encontrada. Se tiveram sucesso, uma instância de MatchObject é retornada, contendo informações sobre a correspondência: onde ela começa e termina, a substring com a qual ela teve correspondência, e mais.

Você pode aprender sobre isto experimentando interativamente o módulo re. Se você tiver o Tkinter disponível, você pode também querer dar uma olhada em Tools/scripts/redemo.py, um programa de demonstração incluído na distribuição Python. Ele permite você entrar com REs e strings, e exibe se a RE tem correspondência ou falha. redemo.py pode ser bastante útil quando se tenta depurar uma RE complicada. Phil Schwartz’s Kodos é também uma ferramenta interativa para desenvolvimento e teste de padrões RE.

Este HOWTO usa o interpretador Python padrão para seus exemplos. Primeiro, execute o interpretador Python, importe o modulo re, e compile uma RE

Python 2.2.2 (#1, Feb 10 2003, 12:57:01)
>>> import re
>>> p = re.compile('[a-z]+')
>>> p  #doctest: +ELLIPSIS
<_sre.SRE_Pattern object at 0x...>

Agora, você pode tentar corresponder várias strings com a RE [a-z]+. Mas uma string vazia não deveria corresponder com nada, desde que + significa uma ou mais repetições. match() deve retornar None neste caso, o que fará com que o interpretador não imprima nenhuma saída. Você pode imprimir explicitamente o resultado de match() para deixar isso claro.

>>> p.match("")
>>> print p.match("")
None

Agora, vamos experimentá-la em uma string que ela deve corresponder, como tempo. Neste caso, match() irá retornar um MatchObject, assim que você deve armazenar o resultado em uma variável para uso posterior.

>>> m = p.match('tempo')
>>> m  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>

Agora você pode consultar o MatchObject para obter informações sobre a string correspondente. Instâncias do MatchObject também tem vários métodos e atributos; os mais importantes são os seguintes:

Método/Atributo

Purpose

group()

Retorna a string que corresponde com a RE

start()

Retorna a posição inicial da string correspondente

end()

Retorna a posição final da string correspondente

span()

Retorna uma tupla contendo as posições (inicial, final) da string combinada

Experimentando estes métodos teremos seus significado esclarecidos:

>>> m.group()
'tempo'
>>> m.start(), m.end()
(0, 5)
>>> m.span()
(0, 5)

group() retorna a substring correspondeu com a RE. start() e end() retornam os índices inicial e o final da substring correspondente. span() retorna tanto os índices inicial e final em uma única tupla. Como o método match() somente verifica se a RE corresponde com o início de uma string, start() será sempre zero. No entanto, o método search() dos objetos padrão, varre toda a string, de modo que a substring correspondente pode não iniciar em zero nesse caso.

>>> print p.match('::: message')
None
>>> m = p.search('::: message'); print m  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>
>>> m.group()
'message'
>>> m.span()
(4, 11)

Nos programas reais, o estilo mais comum é armazenar o MatchObject em uma variável e, em seguida, verificar se ela é ‘None’. Isso geralmente se parece com:

p = re.compile( ... )
m = p.match( 'string goes here' )
if m:
    print 'Match found: ', m.group()
else:
    print 'No match'

Dois métodos padrão retornam todas as correspondências de um padrão. findall() retorna uma lista de strings correspondentes:

>>> p = re.compile('\d+')
>>> p.findall('12 drummers drumming, 11 pipers piping, 10 lords a-leaping')
['12', '11', '10']

findall() tem de criar a lista inteira antes que poder devolvê-la como resultado. O método finditer() retorna uma sequência de instâncias match object 1 como um iterator. 1

>>> iterator = p.finditer('12 drummers drumming, 11 ... 10 ...')
>>> iterator  
<callable-iterator object at 0x...>
>>> for match in iterator:
...     print match.span()
...
(0, 2)
(22, 24)
(29, 31)

Funções de Nível de Módulo

Você não tem que criar um objeto padrão e chamar seus métodos; o módulo re também fornece funções de nível superior chamada match(), search(), findall(), sub(), e assim por diante. Estas funções recebem os mesmos argumentos que o método padrão correspondente, com a string RE adicionada como o primeiro argumento, e ainda retornam None ou uma instância MatchObject.

>>> print re.match(r'From\s+', 'Fromage amk')
None
>>> re.match(r'From\s+', 'From amk Thu May 14 19:12:10 1998')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>

Sob o capô, estas funções simplesmente criam um objeto padrão para você e chamam o método apropriado para ele. Elas também armazenam o objeto compilado em um cache, para que futuras chamadas usando a mesma RE sejam mais rápidas.

Você deve usar essas funções de nível de módulo, ou você deve obter o padrão e chamar seus métodos você mesmo? Essa escolha depende da frequência com que a RE será usada, e no seu estilo de codificação pessoal. Se a RE for usada em apenas um ponto no código, então as funções do módulo são provavelmente mais convenientes. Se o programa contém uma grande quantidade de expressões regulares, ou reutiliza as mesmas em vários locais, então pode valer a pena recolher todas as definições em um lugar, em uma seção de código que compila todas as REs antes do uso. Para dar um exemplo da biblioteca padrão, aqui está um extrato de xmllib.py:

ref = re.compile( ... )
entityref = re.compile( ... )
charref = re.compile( ... )
starttagopen = re.compile( ... )

Eu geralmente prefiro trabalhar com o objeto compilado, mesmo para usos de uma só vez, mas poucas pessoas serão tão puristas sobre isso como eu sou.

Flags de Compilação

Flags de compilação permitem modificar alguns aspectos de como as expressões regulares funcionam. Flags estão disponíveis no módulo rev sob dois nomes, um nome longo, tal como IGNORECASE e um curto, na forma de uma letra, como I. (Se você estiver familiarizado com o padrão dos modificadores do Perl, o nome curto usa as mesmas letras; o forma abreviada de re.VERBOSE é re.X, por exemplo) Várias flags podem ser especificadas como um vetor intercalado por OU(|); re.I |re.M define as flags I e M, por exemplo.

Aqui está uma tabela das flags disponíveis, seguida por uma explicação mais detalhada de cada uma:

Flag

Significado

DOTALL, S

Faz o . corresponder a qualquer caractere, incluindo novas linhas

IGNORECASE, I

Faz correspondências com maiúsculas e minúsculas

LOCALE, L

Faz uma correspondência de acordo com o idioma

MULTILINE, M

Correspondência multi-linha, afetando ^ e $

VERBOSE, X

Habilita REs detalhadas, que podem ser organizadas de forma mais clara e compreensível.

UNICODE, U

Faz de uma letra precedida pela barra invertida (‘') tal como \w, \b \s e \d dependente da base de dados de caracteres Unicode.

I
IGNORECASE

Executa a correspondência com maiúsculas e minúsculas; classe de caracteres e strings literais irão corresponder com letras ignorando serem maiúsculas ou minúsculas. Por exemplo, [A-Z] irá corresponder com letras minúsculas também, e Spam irá corresponder com Spam, spam, ou spAM. Este “lowercasing” não leva o idioma corrente em conta; ele irá se você também definir a flag LOCALE.

L
LOCALE

Faz \w, \W, \b, e \B, dependentes do idioma corrente.

Locale é um recurso da biblioteca C com o objetivo de ajudar na criação de programas que levam em conta as diferenças linguísticas. Por exemplo, se você está processando um texto em francês, que você gostaria de ser capaz de escrever \w+ para corresponder com palavras, mas \w corresponde apenas com a classe de caracteres [A-Za-z]; ele não vai corresponder com é ou ç. Se o sistema estiver configurado corretamente e o idioma francês estiver selecionado, determinadas funções C vão dizer ao programa que é também deve ser considerada como uma letra. Definir a flag LOCALE no momento de compilar uma expressão regular fará com que o objeto compilado resultante use essas funções de C para \w; isso causa lentidão, mas também permite que \w+ corresponda com as palavras em francês, caso seja necessário.

M
MULTILINE

(^ e $ ainda não foram explicados, eles serão comentados na seção Mais Metacaracteres.)

Normalmente ^ corresponde apenas ao início da string e $ corresponde apenas ao final da string, e imediatamente antes da nova linha (se existir) no final da string. Quando esta flag é especificada, o ^ corresponde ao início da string e ao início de cada linha dentro da string, imediatamente após cada nova linha. Da mesma forma, o metacaractere $ corresponde tanto ao final da string e ao final de cada linha (imediatamente antes de cada nova linha).

S
DOTALL

Faz o caractere especial . corresponder com qualquer caractere que seja, incluindo o nova linha; sem esta flag, . irá corresponder a qualquer coisa, exceto o nova linha.

U
UNICODE

Faz \w, \W, \b, \B, \d, \D, \s e \S dependentes das propriedades dos caracteres Unicode do banco de dados.

X
VERBOSE

Esta flag permite escrever expressões regulares mais legíveis, permitindo mais flexibilidade na maneira de formatá-la. Quando esta flag é especificada, o espaço em branco dentro da string RE é ignorado, exceto quando o espaço em branco está em uma classe de caracteres ou precedido por uma barra invertida não “escapada”; isto permite organizar e formatar a RE de maneira mais clara. Esta flag também permite que se coloque comentários dentro de uma RE que serão ignorados pelo mecanismo; os comentários são marcados por um “#” que não está nem em uma classe de caracteres nem precedido por uma barra invertida não “escapada”.

Por exemplo, aqui está uma RE que usa re.VERBOSE; veja, o quanto mais fácil de ler é ?

charref = re.compile(r"""
 &[#]                # Start of a numeric entity reference
 (
     0[0-7]+         # Octal form
   | [0-9]+          # Decimal form
   | x[0-9a-fA-F]+   # Hexadecimal form
 )
 ;                   # Trailing semicolon
""", re.VERBOSE)

Sem o “verbose” definido, A RE iria se parecer como isto:

charref = re.compile("&#(0[0-7]+"
                     "|[0-9]+"
                     "|x[0-9a-fA-F]+);")

No exemplo acima, a concatenação automática de strings literais em Python foi usada para quebrar a RE em partes menores, mas ainda é mais difícil de entender do que a versão que usa re.VERBOSE.

Mais Poder dos Padrões

Até agora, cobrimos apenas uma parte dos recursos das expressões regulares. Nesta seção, vamos abordar alguns metacaracteres novos, e como usar grupos para recuperar partes do texto que teve correspondência.

Mais Metacaracteres

Existem alguns metacaracteres que nós ainda não vimos. A maioria deles serão referenciados nesta seção.

Alguns dos metacaracteres restantes a serem discutidos são como uma afirmação de largura zero (zero-width assertions). Eles não fazem com que o mecanismo avance pela string; ao contrário, eles não consomem nenhum caractere, e simplesmente tem sucesso ou falha. Por exemplo, \b é uma afirmação de que a posição atual está localizada nas bordas de uma palavra; a posição não é alterada de nenhuma maneira por \b. Isto significa que afirmações de largura zero nunca devem ser repetidas, porque se elas combinam uma vez em um determinado local, elas podem, obviamente, combinar um número infinito de vezes.

|

Alternância, ou operador or. Se A e B são expressões regulares, A|B irá corresponder com qualquer string que corresponder com A ou B. | tem uma prioridade muito baixa, a fim de fazê-lo funcionar razoavelmente quando você está alternando entre strings de vários caracteres. Crow|Servo irá corresponder tanto com Crow quanto com Servo, e não com Cro, w ou S, e ervo.

Para corresponder com um | literal, use \|, ou coloque ele dentro de uma classe de caracteres, como em [|].

^

Corresponde ao início de linha. A menos que a flag MULTILINE tenha sido definida, isso só irá corresponder ao início da string. No modo MULTILINE, isso também corresponde imediatamente após cada nova linha de dentro da string.

Por exemplo, para ter correspondência com a palavra From apenas no início de uma linha, a RE a ser usada é ^From.

>>> print re.search('^From', 'From Here to Eternity')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>
>>> print re.search('^From', 'Reciting From Memory')
None
$

Corresponde ao fim de uma linha, que tanto é definido como o fim de uma string, ou qualquer local seguido por um caractere de nova linha.

>>> print re.search('}$', '{block}')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>
>>> print re.search('}$', '{block} ')
None
>>> print re.search('}$', '{block}\n')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>

Para corresponder com um $ literal, use \$ ou coloque-o dentro de uma classe de caracteres, como em [$].

\A

Corresponde apenas com o início da string. Quando não estiver em modo MULTILINE, \A e ^ são efetivamente a mesma coisa. No modo MULTILINE, eles são diferentes: \A continua a corresponder apenas com o início da string, mas ^ pode corresponder com qualquer localização de dentro da string, que seja posterior a um caractere nova linha.

\Z

Corresponde apenas ao final da string.

\b

Borda de palavra. Esta é uma afirmação de largura zero que corresponde apenas ao início ou ao final de uma palavra. Uma palavra é definida como uma sequência de caracteres alfanuméricos, de modo que o fim de uma palavra é indicado por espaços em branco ou um caractere não alfanumérico.

O exemplo a seguir corresponde a class apenas quando é a palavra exata; ele não irá corresponder quando for contido dentro de uma outra palavra.

>>> p = re.compile(r'\bclass\b')
>>> print p.search('no class at all')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>
>>> print p.search('the declassified algorithm')
None
>>> print p.search('one subclass is')
None

Há duas sutilezas você deve lembrar ao usar essa sequência especial. Em primeiro lugar, esta é a pior colisão entre strings literais do Python e sequências de expressão regular. Nas strings literais do Python, \b é o caractere backspace, o valor ASCII 8. Se você não estiver usando strings cruas (raw), então Python irá converter o \b em um backspace e sua RE não irá funcionar da maneira que você espera. O exemplo a seguir parece igual a nossa RE anterior, mas omite o r na frente da string RE.

>>> p = re.compile('\bclass\b')
>>> print p.search('no class at all')
None
>>> print p.search('\b' + 'class' + '\b')  
<_sre.SRE_Match object at 0x...>

Além disso, dentro de uma classe de caracteres, onde não há nenhum uso para esta afirmação, \b representa o caractere backspace, para compatibilidade com strings literais do Python

\B

Outra afirmação de largura zero; isto é o oposto de \b, correspondendo apenas quando a posição corrente não é de uma borda de palavra.

Agrupamento

Frequentemente é necessário obter mais informações do que apenas se a RE teve correspondência ou não. As expressões regulares são muitas vezes utilizadas para dissecar strings escrevendo uma RE dividida em vários subgrupos que correspondem a diferentes componentes de interesse. Por exemplo, uma linha de cabeçalho RFC-822 é dividida em um nome de cabeçalho e um valor, separados por um :, como essa:

From: author@example.com
User-Agent: Thunderbird 1.5.0.9 (X11/20061227)
MIME-Version: 1.0
To: editor@example.com

Isto pode ser gerenciado ao escrever uma expressão regular que corresponde com uma linha inteira de cabeçalho, e tem um grupo que corresponde ao nome do cabeçalho, e um outro grupo, que corresponde ao valor do cabeçalho. Os grupos são marcados pelos metacaracteres ( e ). ( e ) têm muito do mesmo significado que eles têm em expressões matemáticas; eles agrupam as expressões contidas dentro deles, e você pode repetir o conteúdo de um grupo com um qualificador de repetição, como *, +, ?, ou {m,n}. Por exemplo, (ab)* irá corresponder a zero ou mais repetições de ab.

Grupos indicados com ( e ) também capturam o índice inicial e final do texto que eles correspondem; isso pode ser obtido por meio da passagem de um argumento para group(), start(), end(), e span(). Os grupos são numerados começando com 0. O grupo 0 está sempre presente; é toda a RE, logo, todos os métodos MatchObject têm o grupo 0 como seu argumento padrão. Mais tarde veremos como expressar grupos que não capturam a extensão de texto com a qual eles correspondem.

>>> p = re.compile('(ab)*')
>>> print p.match('ababababab').span()
(0, 10)

Grupos indicados com ( e ) também capturam o índice inicial e final do texto que eles correspondem; isso pode ser obtido por meio da passagem de um argumento para group(), start(), end(), e span(). Os grupos são numerados começando com 0. O grupo 0 está sempre presente; é toda a RE, logo, todos os métodos MatchObject têm o grupo 0 como seu argumento padrão. Mais tarde veremos como expressar grupos que não capturam a extensão de texto com a qual eles correspondem,

>>> p = re.compile('(a)b')
>>> m = p.match('ab')
>>> m.group()
'ab'
>>> m.group(0)
'ab'

Subgrupos são numerados a partir da esquerda para a direita, de forma crescente a partir de 1. Os grupos podem ser aninhados; para determinar o número, basta contar os caracteres de abertura de parêntese - (, indo da esquerda para a direita.

>>> p = re.compile('(a(b)c)d')
>>> m = p.match('abcd')
>>> m.group(0)
'abcd'
>>> m.group(1)
'abc'
>>> m.group(2)
'b'

group() pode receber vários números de grupos de uma vez, e nesse caso ele irá retornar uma tupla contendo os valores correspondentes desses grupos.

>>> m.group(2,1,2)
('b', 'abc', 'b')

O método groups() retorna uma tupla contendo as strings de todos os subgrupos, de 1 até o último. Independente da quantidade de subgrupos informada.

>>> m.groups()
('abc', 'b')

Referências anteriores em um padrão permitem que você especifique que o conteúdo de um grupo capturado anteriormente também deve ser encontrado na posição atual na sequência. Por exemplo, \1 terá sucesso se o conteúdo exato do grupo 1 puder ser encontrado na posição atual, e falhar caso contrário. Lembre-se que as strings literais do Python também usam a barra invertida seguida por números para permitir a inclusão de caracteres arbitrários em uma string, por isso certifique-se de usar strings cruas (raw) ao incorporar referências anteriores em uma RE.

Por exemplo, a seguinte RE detecta palavras duplicadas em uma string.

>>> p = re.compile(r'\b(\w+)\s+\1\b')
>>> p.search('Paris in the the spring').group()
'the the'

Referências anteriores como esta não são, geralmente, muito úteis apenas para fazer pesquisa percorrendo uma string — existem alguns formatos de texto que repetem dados dessa forma — mas em breve você irá descobrir que elas são muito úteis para realizar substituições de strings.

Não captura e Grupos Nomeados

REs elaboradas podem usar muitos grupos, tanto para capturar substrings de interesse, quanto para agrupar e estruturar a própria RE. Em REs complexas, torna-se difícil manter o controle dos números dos grupos. Existem dois recursos que ajudam a lidar com esse problema. Ambos usam uma sintaxe comum para extensões de expressão regular, então vamos olhar para isso em primeiro lugar.

Perl 5 acrescentou vários recursos adicionais para expressões regulares padrão, e o módulo re do Python suporta a maioria deles. Teria sido difícil escolher novos metacaracteres de uma única tecla (“single-keystroke”) ou novas sequências especiais começando com \ para representar os novos recursos sem fazer as expressões regulares do Perl confusamente diferente das REs padrão. Se você escolher & como um novo metacaractere, por exemplo, velhas expressões estariam assumindo que o & era um caractere comum e não teriam que escapá-lo escrevendo \& ou [&].

A solução escolhida pelos desenvolvedores do Perl foi usar (?...) como uma sintaxe de extensão. Um ? imediatamente após um parêntese era um erro de sintaxe porque o ? não teria nada a repetir, de modo que isso não introduz quaisquer problemas de compatibilidade. Os caracteres imediatamente após um ? indicam que a extensão está sendo usada, então (?=foo) é uma coisa (uma afirmação lookahead positiva) e (?:foo) é outra coisa (um grupo de não captura contendo a subexpressão foo).

Python adiciona uma sintaxe de extensão a sintaxe de extensão do Perl. Se o primeiro caractere após o ponto de interrogação é um P, você sabe que é uma extensão que é específica para Python. Atualmente, existem duas dessas extensões : (?P<name>...) define um grupo nomeado e (?P=name) é uma referência anterior a um grupo chamado. Se futuras versões de Perl 5 adicionarem funcionalidades semelhantes, utilizando uma sintaxe diferente, o módulo ``rev vai ser alterado para suportar a nova sintaxe, enquanto que preserva a sintaxe específica do Python, para ter boa compatibilidade.

Agora que nós vimos a sintaxe geral de extensão, podemos voltar para as características que simplificam o trabalho com grupos em REs complexas. Como os grupos são numerados da esquerda para a direita e uma expressão complexa pode usar muitos grupos, pode tornar-se difícil manter o controle da numeração correta. Modificar uma RE tão complexa também é irritante: se inserir um novo grupo perto do início você tem que alterar os números de tudo o que se segue.

Às vezes você vai querer usar um grupo para coletar uma parte de uma expressão regular, mas não está interessado em recuperar o conteúdo do grupo. Você pode fazer este fato explícito usando um grupo de não-captura: (?:...), onde você pode substituir o ... por qualquer outra expressão regular.

>>> m = re.match("([abc])+", "abc")
>>> m.groups()
('c',)
>>> m = re.match("(?:[abc])+", "abc")
>>> m.groups()
()

Exceto pelo fato de que não é possível recuperar o conteúdo sobre o qual o grupo corresponde, um grupo de não captura se comporta exatamente da mesma forma que um grupo de captura; você pode colocar qualquer coisa dentro dele, repeti-lo com um metacaractere de repetição, como o ‘*’, e aninhá-lo dentro de outros grupos (de captura ou não captura). (?:...) é particularmente útil para modificar um padrão existente, já que você pode adicionar novos grupos sem alterar a forma como todos os outros grupos estão numerados. Deve ser mencionado que não há diferença de desempenho na busca entre grupos de captura e grupos de não captura; uma forma não é mais rápida que outra.

Uma característica mais significativa são os grupos nomeados: em vez de se referir a eles por números, os grupos podem ser referenciados por um nome.

A sintaxe de um grupo nomeado é uma das extensões específicas do Python: (?P<name>...). name é, obviamente, o nome do grupo. Os grupos nomeados também se comportam exatamente como os grupos de captura, e, adicionalmente, associam um nome a um grupo. Todos os métodos MatchObject que lidam com grupos de captura aceitam tanto inteiros que se referem ao grupo por número ou strings que contêm o nome do grupo desejado. Os grupos nomeados ainda recebem números, então você pode recuperar informações sobre um grupo de duas maneiras:

>>> p = re.compile(r'(?P<word>\b\w+\b)')
>>> m = p.search( '(((( Lots of punctuation )))' )
>>> m.group('word')
'Lots'
>>> m.group(1)
'Lots'

Os grupos nomeados são úteis porque eles permitem que você use nomes de fácil lembrança, em vez de ter que lembrar de números. Aqui está um exemplo de RE usando o módulo imaplib:

InternalDate = re.compile(r'INTERNALDATE "'
        r'(?P<day>[ 123][0-9])-(?P<mon>[A-Z][a-z][a-z])-'
        r'(?P<year>[0-9][0-9][0-9][0-9])'
        r' (?P<hour>[0-9][0-9]):(?P<min>[0-9][0-9]):(?P<sec>[0-9][0-9])'
        r' (?P<zonen>[-+])(?P<zoneh>[0-9][0-9])(?P<zonem>[0-9][0-9])'
        r'"')

É obviamente muito mais fácil fazer referência a m.group('zonem'), do que ter que se lembrar de capturar o grupo 9.

The syntax for backreferences in an expression such as (...)\1 refers to the number of the group. There’s naturally a variant that uses the group name instead of the number. This is another Python extension: (?P=name) indicates that the contents of the group called name should again be matched at the current point. The regular expression for finding doubled words, \b(\w+)\s+\1\b can also be written as \b(?P<word>\w+)\s+(?P=word)\b:

>>> p = re.compile(r'\b(?P<word>\w+)\s+(?P=word)\b')
>>> p.search('Paris in the the spring').group()
'the the'

Afirmação Lookahead

Outra afirmação de “largura zero” é a afirmação lookahead. Afirmações LookAhead estão disponíveis tanto na forma positiva quanto na negativa, e se parece com isto:

(?=...)

Afirmação lookahead positiva. Retorna sucesso se a expressão regular informada, aqui representada por ..., corresponde com o conteúdo da localização atual, e retorna falha caso contrário. Mas, uma vez que a expressão informada tenha sido testada, o mecanismo de correspondência não faz qualquer avanço; o resto do padrão é tentado no mesmo local de onde a afirmação foi iniciada.

(?!...)

Afirmação lookahead negativa. É o oposto da afirmação positiva; será bem-sucedida se a expressão informada não corresponder com o conteúdo da posição atual na string.

Para tornar isto concreto, vamos olhar para um caso em que um lookahead é útil. Considere um padrão simples para corresponder com um nome de arquivo e divida-o em pedaços, um nome base e uma extensão, separados por um .. Por exemplo, em news.rc,news é o nome base, e rc é a extensão do nome de arquivo.

O padrão para corresponder com isso é muito simples:

.*[.].*$

Observe que o . precisa ser tratado de forma especial, porque é um metacaractere; Eu coloquei ele dentro de uma classe de caracteres. Note também o $ no final; ele é adicionado para garantir que todo o resto da string deve ser incluído na extensão. Esta expressão regular corresponde com: foo.bar, autoexec.bat, sendmail.cf e printers.conf.

Agora, considere complicar um pouco o problema; e se você desejar corresponder com nomes de arquivos onde a extensão não é bat? Algumas tentativas incorretas:

.*[.][^b].*$ A primeira tentativa acima tenta excluir bat, exigindo que o primeiro caractere da extensão não é um b. Isso é errado, porque o padrão também não corresponde foo.bar:

.*[.]([^b]..|.[^a].|..[^t])$

A expressão fica mais confusa se você tentar remendar a primeira solução, exigindo que uma das seguintes situações corresponda: o primeiro caractere da extensão não é b; o segundo caractere não é a; ou o terceiro caractere não é t. Isso aceita foo.bar e rejeita autoexec.bat, mas requer uma extensão de três letras e não aceitará um nome de arquivo com uma extensão de duas letras, tal como sendmail.cf. Nós iremos complicar o padrão novamente em um esforço para corrigi-lo:

.*[.]([^b].?.?|.[^a]?.?|..?[^t]?)$

Na terceira tentativa, a segunda e terceira letras são todas consideradas opcionais, a fim de permitir correspondência com as extensões mais curtas do que três caracteres, tais como sendmail.cf.

O padrão está ficando realmente muito complicado agora, o que faz com que seja difícil de ler e compreender. Pior ainda, se o problema mudar e você quiser excluir tanto bat quanto exe como extensões, o padrão iria ficar ainda mais complicado e confuso.

Um lookahead negativo elimina toda esta confusão:

.*[.](?!bat$).*$ O lookahead negativo significa: se a expressão bat não corresponder até este momento, tente o resto do padrão; se bat$ tem correspondência, todo o padrão irá falhar. O final $ é necessário para garantir que algo como sample.batch, onde a extensão só começa com o bat, será permitido.

Excluir uma outra extensão de nome de arquivo agora é fácil; basta fazer a adição de uma alternativa dentro da afirmação. O padrão a seguir exclui os nomes de arquivos que terminam com bat ou exe:

.*[.](?!bat$|exe$)[^.]*$

Modificando Strings

Até este ponto, nós simplesmente realizamos pesquisas em uma string estática. As expressões regulares também são comumente usadas para modificar strings através de várias maneiras, usando os seguintes métodos padrão:

Método/Atributo

Purpose

split()

Divide a string em uma lista, dividindo-a onde quer que haja correspondência com a RE

sub()

Encontra todas as substrings que correspondem com a RE e faz a substituição por uma string diferente

subn()

Faz a mesma coisa que sub(), mas retorna a nova string e o número de substituições

Dividindo as Strings

O método split() de um padrão divide uma string em pedaços onde quer que a RE corresponda, retornando uma lista formada por esses pedaços. É semelhante ao método split() de strings, mas oferece muito mais generalidade nos delimitadores, e assim, você pode fazer disso para fazer a divisão; split() só suporta a divisão de espaço em branco ou por uma string fixa. Como você deve deduzir, existe também uma função a nível de módulo re.split().

.split(string[, maxsplit=0])

Divide a string usando a correspondência com uma expressão regular. Se os parênteses de captura forem utilizados na RE, então seu conteúdo também será retornado como parte da lista resultante. Se maxsplit é diferente de zero, um número de divisões maxsplit será executado.

Você pode limitar o número de divisões feitas, passando um valor para maxsplit. Quando maxsplit é diferente de zero, um determinado número de divisões maxsplit será executado, e o restante da string é retornado como o elemento final da lista. No exemplo a seguir, o delimitador é qualquer sequência de caracteres não alfanuméricos.

>>> p = re.compile(r'\W+')
>>> p.split('This is a test, short and sweet, of split().')
['This', 'is', 'a', 'test', 'short', 'and', 'sweet', 'of', 'split', '']
>>> p.split('This is a test, short and sweet, of split().', 3)
['This', 'is', 'a', 'test, short and sweet, of split().']

Às vezes, você não está apenas interessado no que o texto que está entre delimitadores contém, mas também precisa saber qual o delimitador foi usado. Se os parênteses de captura são utilizados na RE, então os respectivos valores são também retornados como parte da lista. Compare as seguintes chamadas:

>>> p = re.compile(r'\W+')
>>> p2 = re.compile(r'(\W+)')
>>> p.split('This... is a test.')
['This', 'is', 'a', 'test', '']
>>> p2.split('This... is a test.')
['This', '... ', 'is', ' ', 'a', ' ', 'test', '.', '']

A função de nível de módulo re.split() adiciona a RE a ser utilizada como o primeiro argumento, mas é, em determinadas circunstâncias, a mesma.

>>> re.split('[\W]+', 'Words, words, words.')
['Words', 'words', 'words', '']
>>> re.split('([\W]+)', 'Words, words, words.')
['Words', ', ', 'words', ', ', 'words', '.', '']
>>> re.split('[\W]+', 'Words, words, words.', 1)
['Words', 'words, words.']

Busca e Substituição

Outra tarefa comum é encontrar todas as combinações para um padrão e substituí-las por uma string diferente. O método sub() recebe um valor de substituição, que pode ser uma string ou uma função, e a string a ser processada.

.sub(replacement, string[, count=0])

Retorna a string obtida substituindo as ocorrências mais à esquerda não sobrepostas da RE em string pela substituição replacement. Se o padrão não for encontrado, a string é retornada inalterada.

O argumento opcional count é o número máximo de ocorrências do padrão a ser substituído; count deve ser um número inteiro não negativo. O valor padrão 0 significa para substituir todas as ocorrências.

Aqui está um exemplo simples do uso do método sub(). Ele substitui nomes de cores pela palavra colour:

>>> p = re.compile('(blue|white|red)')
>>> p.sub('colour', 'blue socks and red shoes')
'colour socks and colour shoes'
>>> p.sub('colour', 'blue socks and red shoes', count=1)
'colour socks and red shoes'

O método subn() faz o mesmo trabalho, mas retorna uma tupla com duas informações; contém uma string com novo valor e o número de substituições que foram realizadas:

>>> p = re.compile('(blue|white|red)')
>>> p.subn('colour', 'blue socks and red shoes')
('colour socks and colour shoes', 2)
>>> p.subn('colour', 'no colours at all')
('no colours at all', 0)

Correspondências vazias somente são substituídas quando não estão adjacente (próxima) a uma correspondência anterior.

>>> p = re.compile('x*')
>>> p.sub('-', 'abxd')
'-a-b-d-'

Se a substituição (replacement) é uma string, qualquer barra invertida é interpretada e processada. Isto é, \n é convertido a um único caractere de nova linha, \r é convertido em um retorno do carro, e assim por diante. Casos desconhecidos, como \j são ignorados. Referências anteriores (retrovisor - Aurelio), como \6, são substituídas com a substring correspondida pelo grupo correspondente na RE. Isso permite que você incorpore partes do texto original na string de substituição resultante.

Este exemplo corresponde com a palavra section, seguida por uma string colocada entre {, } e altera section para subsection:

>>> p = re.compile('section{ ( [^}]* ) }', re.VERBOSE)
>>> p.sub(r'subsection{\1}','section{First} section{second}')
'subsection{First} subsection{second}'

Há também uma sintaxe para se referir a grupos nomeados como definido pela sintaxe (?P<name>...). \g<name> usará a substring correspondida pelo grupo com nome name e \g<number> utiliza o número do grupo correspondente. .\g<2> é, portanto, equivalente a \2, mas não é ambígua em uma string de substituição (replacement), tal como \g<2>0. (\20 seria interpretado como uma referência ao grupo de 20, e não uma referência ao grupo 2 seguido pelo caractere literal 0). As seguintes substituições são todas equivalentes, são usadas todas as três variações da string de substituição (replacement).

>>> p = re.compile('section{ (?P<name> [^}]* ) }', re.VERBOSE)
>>> p.sub(r'subsection{\1}','section{First}')
'subsection{First}'
>>> p.sub(r'subsection{\g<1>}','section{First}')
'subsection{First}'
>>> p.sub(r'subsection{\g<name>}','section{First}')
'subsection{First}'

A substituição (replacement) também pode ser uma função, o que dá a você ainda mais controle. Se a substituição (replacement) é uma função, a função é chamada para cada ocorrência não sobreposta de padrão. Em cada chamada, a função passa o argumento MatchObject para a correspondência e pode usar esta informação para calcular a string de substituição desejada e fazer seu retorno.

No exemplo a seguir, a função de substituição (replacement) traduz decimal em hexadecimal:

>>> def hexrepl(match):
...     "Return the hex string for a decimal number"
...     value = int(match.group())
...     return hex(value)
...
>>> p = re.compile(r'\d+')
>>> p.sub(hexrepl, 'Call 65490 for printing, 49152 for user code.')
'Call 0xffd2 for printing, 0xc000 for user code.'

Ao utilizar a função de nível de módulo re.sub(), o padrão é passado como o primeiro argumento. O padrão pode ser fornecido como um objeto ou como uma string; se você precisa especificar flags de expressões regulares, você deve usar um objeto padrão como o primeiro parâmetro, ou usar modificadores embutidos na string padrão, por exemplo, sub("(?i)b+", "x", "bbbb BBBB") retorna x x.

Problemas Comuns

Expressões regulares são uma ferramenta poderosa para algumas aplicações, mas de certa forma o seu comportamento não é intuitivo, e às vezes, as RE não se comportam da maneira que você espera que elas se comportem. Esta seção irá apontar algumas das armadilhas mais comuns.

Usando String Methods

Às vezes, usar o módulo re é um equívoco. Se você está fazendo correspondência com uma string fixa, ou uma classe de caractere única, e você não está usando nenhum recurso de re como a flag IGNORECASE, então pode não ser necessário todo o poder das expressões regulares. Strings possui vários métodos para executar operações com strings fixas e eles são, geralmente, muito mais rápidos, porque a implementação é um único e pequeno laço (loop) de C que foi otimizado para esse propósito, em vez do grande e mais generalizado mecanismo das expressões regulares.

Um exemplo pode ser a substituição de uma string fixa única por outra; por exemplo, você pode substituir word por deed. re.sub() parece ser a função a ser usada para isso, mas considere o método replace(). Note que replace() também irá substituir word dentro de palavras, transformando swordfish em sdeedfish, mas uma ingênua RE teria feito isso também. (Para evitar a realização da substituição de partes de palavras, o padrão teria que ser \bword\b, a fim de exigir que word tenha um limite de palavra em ambos os lados (o recurso borda). Isso leva o tarefa para além da capacidade de replace().)

Outra tarefa comum é apagar todas as ocorrências de um único caractere de uma string ou substitui-lo por um outro caractere único. Você pode fazer isso com algo como re.sub('\n', ' ', S), mas translate() é capaz de fazer ambas as tarefas e será mais rápida do que qualquer operação de expressão regular pode ser.

Em suma, antes de recorrer ao o módulo re, considere se o seu problema pode ser resolvido com um método string mais rápido e mais simples.

Gulosos versus não Gulosos

Ao repetir uma expressão regular, como em a*, a ação resultante é consumir o tanto do padrão quanto possível. Este fato, muitas vezes derruba você quando você está tentando corresponder com um par de delimitadores balanceados, tal como os colchetes que cercam uma tag HTML. O padrão ingênuo para combinar uma única tag HTML não funciona por causa da natureza gulosa de .*.

>>> s = '<html><head><title>Title</title>'
>>> len(s)
32
>>> print re.match('<.*>', s).span()
(0, 32)
>>> print re.match('<.*>', s).group()
<html><head><title>Title</title>

A RE corresponde a < em <html>, e o .* consome o resto da string. Existe ainda mais coisa existente na RE, no entanto, e o > pode não corresponder com o final da string, de modo que o mecanismo de expressão regular tem que recuar caractere por caractere até encontrar uma correspondência para a >. A correspondência final se estende do < em <html> ao > em </title>, que não é o que você quer.

Neste caso, a solução é usar os qualificadores não-gulosos *?, +?,??, or {m,n}?, que corresponde com o mínimo de texto possível. No exemplo acima, o > é tentado imediatamente após a primeira correspondência de <, e quando ele falhar, o mecanismo avança um caractere de cada vez, experimentado > a cada passo. Isso produz justamente o resultado correto:

>>> print re.match('<.*?>', s).group()
<html>

(Note que a análise de HTML ou XML com expressões regulares é dolorosa. Padrões “sujos e rápidos” irão lidar com casos comuns, mas HTML e XML tem casos especiais que irão quebrar expressões regulares óbvias; com o tempo, expressões regulares que você venha a escrever para lidar com todos os casos possíveis, se tornarão um padrão muito complicado. Use um módulo de análise de HTML ou XML para tais tarefas.)

Usando re.VERBOSE

Nesse momento, você provavelmente deve ter notado que as expressões regulares são de uma notação muito compacta, mas não é possível dizer que são legíveis. REs de complexidade moderada podem se tornar longas coleções de barras invertidas, parênteses e metacaracteres, fazendo com que se tornem difíceis de ler e compreender.

Para tais REs, especificar a flag re.VERBOSE ao compilar a expressão regular pode ser útil, porque permite que você formate a expressão regular de forma mais clara.

A flag re.VERBOSE produz vários efeitos. Espaço em branco na expressão regular que não está dentro de uma classe de caracteres é ignorado. Isto significa que uma expressão como dog | cat é equivalente ao menos legível dog|cat, mas [a b] ainda vai coincidir com os caracteres a, b, ou um espaço. Além disso, você também pode colocar comentários dentro de uma RE; comentários se estendem de um caractere # até a próxima nova linha. Quando usados junto com strings de aspas triplas, isso permite as REs serem formatadas mais ordenadamente:

pat = re.compile(r"""
 \s*                 # Skip leading whitespace
 (?P<header>[^:]+)   # Header name
 \s* :               # Whitespace, and a colon
 (?P<value>.*?)      # The header's value -- *? used to
                     # lose the following trailing whitespace
 \s*$                # Trailing whitespace to end-of-line
""", re.VERBOSE)

Isso é muito mais legível do que:

pat = re.compile(r"\s*(?P<header>[^:]+)\s*:(?P<value>.*?)\s*$")

Comentários

Expressões regulares são um tópico complicado. Esse documento ajudou você a compreendê-las? Existem partes que foram pouco claras, ou situações que você vivenciou que não foram abordadas aqui? Se assim for, por favor, envie sugestões de melhorias para o autor.

O livro mais completo sobre expressões regulares é quase certamente o Mastering Regular Expressions de Jeffrey Friedl’s, publicado pela O’Reilly. Infelizmente, ele se concentra exclusivamente em sabores de expressões regulares do Perl e do Java, e não contém qualquer material relativo a Python, por isso não vai ser útil como uma referência para a programação em Python. (A primeira edição cobre o módulo regex agora removido do Python, o que não vai te ajudar muito.) Considere removê-lo de sua biblioteca.

Notas de Rodapé

1

Introduzido no Python 2.2.2.